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Campanha de Trump Indica Possível Contestação dos Resultados e Aumenta Medo de Violência

Campanha de Trump Indica Possível Contestação dos Resultados e Aumenta Medo de Violência
A campanha do candidato republicano Donald Trump está intensificando a disseminação da ideia de fraude eleitoral, o que já está gerando preocupações entre observadores, autoridades e a Justiça americana sobre um possível caos nas horas seguintes ao término da votação, que ocorrerá na terça-feira (5).
Nos últimos dias, Trump tem repetido a seus apoiadores que espera uma vitória na eleição e que só perderá se houver corrupção no sistema de votos. Até agora, ele se recusou a afirmar se aceitará o resultado da eleição.
Em 2020, sua equipe entrou com mais de 60 processos judiciais alegando fraudes em várias partes do país, todos rejeitados. No entanto, para uma parte da população, a ideia de que Joe Biden é um “presidente ilegítimo” ainda persiste.
Na quinta-feira (31), Trump usou as redes sociais para afirmar, sem provas, que sua campanha “pegou eles roubando na Pennsylvania” e pediu uma investigação.
O candidato republicano à vice-presidência, JD Vance, também afirmou que “problemas sérios” ocorreram na eleição de 2020 e sugeriu que Trump não perdeu a disputa. Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, também insistiu que as eleições de 2020 foram roubadas e que o ex-presidente deveria “informar” sua base sobre o estado da votação enquanto a apuração estiver ocorrendo.
Os democratas temem que Trump convoque uma coletiva de imprensa na madrugada de terça para quarta-feira, antecipando uma suposta declaração de vitória antes mesmo do final da contagem dos votos. A campanha de Kamala Harris já avisou que, se Trump anunciar sua vitória antes dos resultados oficiais, haverá uma ofensiva midiática para pedir calma.
A campanha de Harris destacou como Trump passou a usar o termo “nós” para se referir às pessoas que invadiram o Capitólio, enquanto os “outros” seriam a Polícia do Capitólio. Outra aposta é que o processo de certificação foi reformado, tornando mais difícil impedir o reconhecimento final dos resultados pelas autoridades eleitorais.
Ainda assim, com uma eleição apertada, não se descartam recontagens e violência. Nas últimas semanas, membros de grupos como o Proud Boys, condenados pela invasão do Capitólio, voltaram a circular nos comícios de Trump.
Cerca de quatro em cada dez eleitores registrados dizem estar “extremamente” ou “muito” preocupados com tentativas violentas de anular os resultados das eleições, segundo uma pesquisa do The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research.
A Guarda Nacional foi ativada para reforçar a segurança no dia da eleição, e o dia da certificação da votação foi classificado como “Evento Especial de Segurança Nacional”. Washington DC está se preparando para possíveis “tumultos e distúrbios civis em grande escala” entre terça-feira (5) e a posse do novo presidente, em janeiro.
A estratégia republicana também conta com o apoio de Elon Musk e sua plataforma de difusão de desinformação. Nos últimos meses, Musk postou 1,3 mil vezes sobre imigração ilegal ou fraude eleitoral, com uma audiência combinada de 10 bilhões de visualizações. Ele criou uma “comunidade” nas redes sociais para permitir que “eleitores” denunciem o que considerem como “fraude”.
Para Rita Katz, do SITE Intelligence Group, o risco de violência hoje é maior que em 2020. Ela alerta que a ameaça é “muito maior” agora, com Trump tendo mais plataformas de mídia social ao seu lado. Parte do eleitorado de Trump realmente acredita que a eleição foi roubada e está pedindo mais violência.
“Estou muito, muito apavorada com o que pode acontecer quando o vencedor for anunciado. Se Harris vencer, dezenas de milhões de americanos se recusarão a aceitar o resultado. E alguma porcentagem dessas pessoas estará disposta a agir, a praticar violência em apoio à sua crença, especialmente se Donald Trump der o sinal”, completou Katz. [image: Apoiadores de Trump atacam o Capitólio em Washington]