Relatório da Polícia Federal sobre a trama golpista, concluído nesta quinta-feira (21/11), indicia o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto e outras 35 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) é resultado da investigação que apurou a existência de organização criminosa que atuou de forma coordenada em 2022, na tentativa de manter o então presidente no poder.
Segundo a PF, as provas que fundamentam o relatório foram obtidas por meio de diligências realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões. Entre esses documentos está a delação do tenente Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com base nos documentos, a PF individualizou as condutas e dividiu nos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
O relatório enviado ao Supremo será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia contra os envolvidos. A expectativa é de que denúncia contra Bolsonaro e outros envolvidos seja apresentada em fevereiro do próximo ano.
Conforme adiantou o JOTA, esse tempo será necessário para alinhar todas as investigações conduzidas pela PF e pela Abin, além de consolidar uma denúncia robusta ao STF que vá além de uma narrativa, reunindo indícios e provas sólidas relacionadas à tentativa de golpe de 8 de janeiro, assim como do envolvimento direto do ex-presidente, de seu então candidato a vice na chapa, Braga Netto, e de outros assessores.
Delação mantida
Na tarde desta quinta-feira, o STF confirmou a manutenção da validade da delação de Mauro Cid. Ao Supremo, a Polícia Federal havia informado haver omissões e contradições no depoimento do colaborador. Entretanto, após audiência presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, a Corte informou que o caso foi esclarecido e que as informações apresentadas por Cid na colaboração seguem sob apuração das autoridades competentes.
Mensagens apagadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e recuperadas pela Polícia Federal indicavam que Moraes havia sido monitorado. Segundo a PF, as ações “foram executadas com a ciência e a participação de Cid e Marcelo Câmara, fornecendo detalhes da localização do ministro, mediante a arregimentação de fonte humana, que tinha acesso a tais dados”.
Quem são os indiciados pela PF pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa
1. AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
2. ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
3. ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
4. ALMIR GARNIER SANTOS
5. AMAURI FERES SAAD
6. ANDERSON GUSTAVO TORRES
7. ANDERSON LIMA DE MOURA
8. ANGELO MARTINS DENICOLI
9. AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
10. BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
11. CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
12. CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
13. CLEVERSON NEY MAGALHÃES
14. ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
15. FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
16. FILIPE GARCIA MARTINS
17. FERNANDO CERIMEDO
18. GIANCARLO GOMES RODRIGUES
19. GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
20. HÉLIO FERREIRA LIMA
21. JAIR MESSIAS BOLSONARO
22. JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
23. LAERCIO VERGILIO
24. MARCELO BORMEVET
25. MARCELO COSTA CÂMARA
26. MARIO FERNANDES
27. MAURO CESAR BARBOSA CID
28. NILTON DINIZ RODRIGUES
29. PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
30. PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
31. RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
32. RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
33. SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
34. TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
35. VALDEMAR COSTA NETO
36. WALTER SOUZA BRAGA NETTO
37. WLADIMIR MATOS SOARES